Bebê tem alta em Mogi após nascer pesando 615g e passar seis meses internada
Alice Araújo nasceu no dia 18 de outubro pesando apenas 615 gramas.
Mas, uma outra data, para a sua mãe, vai ser para sempre um dia tão
importante quanto o nascimento da filha. Após cinco meses internada
na Santa Casa de Mogi das Cruzes, a pequena Alice foi embora para
casa nesta segunda-feira (27), pesando 2.810 quilos. O plano da mãe
agora é ficar com a criança e “proibir” visitas, além de que qualquer
outra pessoa pegue a bebê no colo. “Ela vai ser só minha”, comenta
aos risos.
Para a médica Maria do Carmo Leitão, que é diretora clínica da Santa
Casa e
plantonista da UTI Neonatal, a recuperação de Alice foi surpreendente.
"Ela é o nosso recorde entre os bebês que nasceram prematuros e que
conseguiram sobreviver. Ela veio prematura ao extremo, nasceu de 26 semanas...
Tivemos partos de crianças de 24 e 25 semanas, mas que não resistiram e foram
a óbito. A recuperação dela foi ótima. Ela escapou do aborto."A mãe de Alice teve
pressão alta durante toda a gestão. Assim que completou seis meses de gravidez,
ela precisou passar por uma cesárea às pressas.
Os médicos ainda disseram para ela que a bebê estava com o coração fraco
e que a cirurgia antecipada era a única solução.
Para a mãe de primeira viagem, a notícia fez a pressão arterial subir ainda mais.
“Eu fiquei muito preocupada. Quando ela nasceu, em nem pude ver, já correram
com ela e eu só pude ver a minha filha no dia seguinte. Eu ficava pensando se ela
ia sobreviver e se eu ia ver a minha filha viva”, conta.
Quando Silvandra foi visitar Alice, ela estava na encubadora. Seu tamanho e o
baixo peso
– menor que um pacote de açúcar – chegaram a “assustar” a mãe. A visita foi
rápida e Silvandra só pode ver a filha de longe. Apesar dos primeiros contatos entre
mãe e filha terem sido através de um vidro, o instinto maternal já acendia em Silvandra
uma preocupação maior quando via a filha um pouco mais quietinha.A primeira vez que
as duas puderam ficar pertinho uma da outra foi no Natal. “Só depois de mais de dois
meses, no dia de Natal, é que eu pude pegar ela no colo. Foi muito gostoso, eu sentia
que ela estava segura ali comigo e passei acreditar mais ainda na recuperação dela.”
Até o dia da alta, a mãe percorria mais de 14 quilômetros, da cidade de Suzano,
onde mora, até a Santa Casa de Mogi das Cruzes, onde Alice nasceu e permaneceu
internada. A viagem era feita dia sim e dia não.Quando a hora da visita acabava Silvandra
sentia um misto de dor, com desespero e saudade, além de algo que ela não sabe explicar.
“Eu ficava de coração partido, voltava para casa chorando o caminho inteiro. A minha
vontade era de pegar ela no colo, embrulhar na coberta e sair correndo do hospital para
levar ela para casa.”
Quando soube que a rotina de visitas, choros e saudades ia acabar, Silvandra foi arrumar,
finalmente, a bolsa de saída maternidade da filha. Antes da alta, ela costumava ficar
olhando o berço montado e imaginando ver a sua filha descansando lá dentro.
A pediatra Maria do Carmo Leitão explica que foi preciso que Alice ficasse entubada,
já que ela tinha uma "imaturidade pulmonar" pelo pouco tempo de vida.
Durante o período de internação, foram seis tentativas de retirada da
respiração mecânica e, somente no dia 15 de fevereiro, foi que os
pulmões de Alice aprenderam a respirar sem a ajuda de nenhum
equipamento.Além disso, ela fazia sessões de fisioterapia e tomou
antibióticos para evitar infecções. Depois de tanto tempo convivendo
com os médicos e enfermeiros no hospital, a equipe já sente saudades de Alice.
Fonte: G1 reportagem e imagens de Mariana Barbosa.
Edição: Vanusa Costa.
Nenhum comentário