ESTUDANTE PIAUIENSE DESTAQUE NA REDAÇÃO NOTA MÁXIMA NO ENEM
Uma estudante do Piauí obteve a nota máxima na redação do Enem 2015.
Valéria da Silva Alves, de 21 anos, foi uma dos 104 candidatos que tirou 1.000 em todo o país, segundo os dados apontados pelo Ministério da Educação (MEC). Este ano o tema proposto foi "a persistência da violência contra a mulher na sociedade brasileira".
A estudante afirmou que ficou muito feliz quando viu o tema da redação na prova. “Eu gostei muito. Estava esperando esse tema e já tinha estudado o assunto. Tinha feito redações em relação à mulheres, mas não abordando a questão da violência. Mas isto me ajudou muito”, disse Valéria Alves.
Leia a redação nota mil de Valéria (foto ao lado) na íntegra:
"A submissão da mulher em uma sociedade patriarcalista como a brasileira é um fato que tem origens históricas. Por todo o mundo, a figura feminina teve seus direitos cerceados e a liberdade limitada devido ao fato de ser considerada mais "frágil" ou "sensível", ainda que isso não pudesse ser provado cientificamente. Tal pensamento deu margem a uma maior subjugação da mulher e abriu portas a atos de violência a ela direcionados.
Nessa perspectiva, a sociedade brasileira é pautada por uma visão machista. A liberdade feminina chega a ser tão limitada ao ponto que as mulheres que se vestem de acordo com as próprias vontades, expondo partes do corpo consideradas irreverentes, correm o risco de serem violentadas sob a justificativa de que "estavam pedindo por isso". Esse pensamento perdura no meio social, ainda que muitas conquistas de movimentos feministas - pautados no existencialismo da filósofa Simone de Beauvoir - tenham contribuído para diminuir essa percepção arcaica da mulher como objeto.
Diante disso, as famílias brasileiras com acesso restrito à informação globalizada ou desavisadas a respeito dos Direitos Humanos continuam a pôr em prática atos atrozes em direção àquela que deveria ser o centro de gravitação do Lar. A violência doméstica, em especial física e psicológica, é praticada por homens com necessidade de autoafirmação ou dependentes de drogas (com destaque para o álcool) e faz milhares de vítimas diariamente no país. Nesse sentido, a criação de leis como a do feminicídio e Maria da Penha foram essenciais para apaziguar os conflitos e dar suporte a esse grupo antes marginalizado.
Paralelo a isso, o exemplo dado pelo pai ao violentar mulher tem como consequência a solidificação de tal prática no psicológico dos filhos. As crianças, dotadas de pouca capacidade de discernimento, sofrem ao ver a mãe sendo violentada e tem grandes chances de se tornarem adultos violentos, contribuindo para a manutenção das práticas abusivas nas gerações em desenvolvimento e dificultando a extinção desse comportamento na sociedade.
Desde os primórdios, nas primeiras sociedades formadas da Antiguidade até hoje, a mulher luta por liberdade, representatividade e respeito. O Estado pode contribuir nessa conquista ao investir em ONGs voltadas à defesa de direitos femininos e ao mobilizar campanhas e palestras públicas em escolas, comunidades e na mídia, objetivando a exposição da problemática e o debate acerca do respeito aos direitos femininos. É importante também a criação de um projeto de distribuição de histórias em quadrinhos e livros nas escolas, conscientizando as crianças e jovens sobre igualdade de gênero de forma divertida e interativa."
Fonte: Portal Parnaíba.
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